Quem
sou eu?
Sou
o José Miguel Oliveira, nascido em 1966, casado, duas filhas.
Sou
psicólogo educacional e formador.
Sou
aprendiz de fotógrafo a tempo inteiro, aprendiz do ver e do olhar.
Sou
alguém que fotografa todos os dias, por dentro e por fora das
coisas… E, por vezes, também uso a máquina fotográfica.
Sou
escritor de coisas prescritas e amachucadas por dentro; de coisas
proscritas pela voracidade do tempo que nos consome; de coisas
pré-escritas mas ainda por entender nos alforges da humanidade que
carrego nas costas; de coisas re-escritas na eternidade do
questionamento que é a vida…
De
onde venho?
Venho
da inquietude permanente – resquícios de uma adolescência que
teima em perdurar na vontade e no sangue, a par do amadurecer dos
olhos e dos afectos.
Venho
da escrita, da psicologia, da educação… e tantas outras coisas
que tento misturar no olhar por detrás da câmara.
Venho
de Alhos Vedros, terra antiga, cansada de lutas velhas e novas
pragas.
Venho
da rua, que é onde me sinto em casa, enquanto fotógrafo.
Venho
do fundo, onde a luz, por vezes, cega, lá do fundo onde guardo o
tempero das emoções e o fermento das palavras que ando a aprender a
usar.
Para
onde vou?
Vou
para a luz e tudo o que com ela conseguir escrever.
Vou
para o ponto zero, que é para poder recomeçar. Ver de novo. Voltar.
O
que faço aqui?
Aprendo.
Partilho.
Exponho-me.
E
espero…
Espero
que o diafragma da vontade de me dizer não se abra demasiado e se
perca o meu retrato. Espero que as minhas imagens e as minhas
palavras não saiam de foco. Espero que a velocidade do pensamento
não arraste os meus gestos.
Espero
que o rio das palavras não me seque.
Espero
não ficar mal na fotografia!
O
que trago?
Trago
uma tentativa de reflectir sobre o acto de fotografar (seja ou não
com palavras lá dentro) e o acto de escrever (seja ou não com
imagens nos olhos); sobre a fragilidade e a dúvida; sobre o
questionamento e a essência…Em resumo, sobre o ser humano em
mutação, em (re)definição e interrogação permanente.
Enquanto
fotógrafo, procuro captar a figura humana, não a pessoa em si, na
sua individualidade e idiossincrasia, mas a figura humana enquanto
símbolo, enquanto acto, movimento, ideia, pensamento. A figura
humana como se em “sentido figurado”, apenas enquanto objecto do
olhar de uma interrogação vital: «quem somos?», «de onde
vimos?», «para onde vamos?», «o que fazemos aqui?». Uma figura
central,
é certo, mas sem ocupar o centro, sem mostrar os contornos, por
vezes, sem revelar o rosto, apenas figura.
Por
isso, optei pelos fundos que não competissem com a figura, céus
“rapados”, horizontes esbatidos na névoa, velocidades baixas que
revelassem o movimento e ocultassem os detalhes, a identidade, a
definição.
Por
isso, procurei reflexos e sombras…, um soslaio, um vislumbre…que
dissesse o ser…
Enquanto
poeta, apenas procuro. A poesia não se faz de respostas, faz-se do
fogo da inquietação e da eterna procura.
Para mais informações visite a página do autor
Bibliografia