sexta-feira, 5 de abril de 2019

José Miguel Oliveira


Quem sou eu?
Sou o José Miguel Oliveira, nascido em 1966, casado, duas filhas.
Sou psicólogo educacional e formador.
Sou aprendiz de fotógrafo a tempo inteiro, aprendiz do ver e do olhar.
Sou alguém que fotografa todos os dias, por dentro e por fora das coisas… E, por vezes, também uso a máquina fotográfica.
Sou escritor de coisas prescritas e amachucadas por dentro; de coisas proscritas pela voracidade do tempo que nos consome; de coisas pré-escritas mas ainda por entender nos alforges da humanidade que carrego nas costas; de coisas re-escritas na eternidade do questionamento que é a vida…

De onde venho?
Venho da inquietude permanente – resquícios de uma adolescência que teima em perdurar na vontade e no sangue, a par do amadurecer dos olhos e dos afectos.
Venho da escrita, da psicologia, da educação… e tantas outras coisas que tento misturar no olhar por detrás da câmara.
Venho de Alhos Vedros, terra antiga, cansada de lutas velhas e novas pragas.
Venho da rua, que é onde me sinto em casa, enquanto fotógrafo.
Venho do fundo, onde a luz, por vezes, cega, lá do fundo onde guardo o tempero das emoções e o fermento das palavras que ando a aprender a usar.

Para onde vou?
Vou para a luz e tudo o que com ela conseguir escrever.
Vou para o ponto zero, que é para poder recomeçar. Ver de novo. Voltar.

O que faço aqui?
Aprendo.
Partilho.
Exponho-me.
E espero…
Espero que o diafragma da vontade de me dizer não se abra demasiado e se perca o meu retrato. Espero que as minhas imagens e as minhas palavras não saiam de foco. Espero que a velocidade do pensamento não arraste os meus gestos.
Espero que o rio das palavras não me seque.
Espero não ficar mal na fotografia!

O que trago?
Trago uma tentativa de reflectir sobre o acto de fotografar (seja ou não com palavras lá dentro) e o acto de escrever (seja ou não com imagens nos olhos); sobre a fragilidade e a dúvida; sobre o questionamento e a essência…Em resumo, sobre o ser humano em mutação, em (re)definição e interrogação permanente.
Enquanto fotógrafo, procuro captar a figura humana, não a pessoa em si, na sua individualidade e idiossincrasia, mas a figura humana enquanto símbolo, enquanto acto, movimento, ideia, pensamento. A figura humana como se em “sentido figurado”, apenas enquanto objecto do olhar de uma interrogação vital: «quem somos?», «de onde vimos?», «para onde vamos?», «o que fazemos aqui?». Uma figura central, é certo, mas sem ocupar o centro, sem mostrar os contornos, por vezes, sem revelar o rosto, apenas figura.
Por isso, optei pelos fundos que não competissem com a figura, céus “rapados”, horizontes esbatidos na névoa, velocidades baixas que revelassem o movimento e ocultassem os detalhes, a identidade, a definição.
Por isso, procurei reflexos e sombras…, um soslaio, um vislumbre…que dissesse o ser…
Enquanto poeta, apenas procuro. A poesia não se faz de respostas, faz-se do fogo da inquietação e da eterna procura.

Para mais informações visite a página do autor


Bibliografia